... a esta hora estava eu sem conseguir dormir, mas também não queria dormir.
Para além do ataque de azia, por causa da sopa que me deram ao jantar, a minha cabeça estava num excesso de velocidade desatinante.
Estava na Maternidade de Oeiras sozinha e a enfermeira de serviço tinha levado a bébé, outra vez.
Tinha ficado sem a bébé antes das visitas, e lá pela meia-noite e tal lá veio ela outra vez e com um ar muito simpático, ao mesmo tempo que, me dizia para eu aproveitar, que tão depressa não ia dormir descansada e tal e assim, que não tinha mais bébés, nem mais mães que podia dormir sossegada, que ela tomava conta da bébé e que, se fosse necessário me acordava para lhe dar de mamar, já estava a levar o berço! ('Dasssssse!).
(Tive logo leite. Às 17 h ela nasceu e depois de pesar e tal, uma e do coze e tal, a outra, ela mamou e o leite subiu logo. Ainda eu estava no corredor. Ainda eu não tinha comido a sopa. Comi-a no corredor. Cumpri o tempo que quem paria tinha que ficar no corredor. Demasiado tempo. Achei eu.)
Só tive tempo para lhe perguntar pelo kompensan.
E o que é que eu pensava depois daquilo e naquele momento sozinha, com azia e assim?
Quero a xavala aqui e é já! Foda-se! Mas não deviam ter Kompensan, nem nada? Dormir descansada? Sei lá o que é essa merda desde que acordo para mijar durante a noite, sei lá desde que mês! Mas levam-na assim só com conversa? E sem ser os Kompensans que estão em casa, o que é que eles terão aqui para que eu consiga dormir descansada, caralho? Ainda se eu conseguisse dormir de barriga para baixo. Nesta cama? Ai quem me dera já poder ir para casa com a bébé! Minha rica cama! Aqui não fico...
E saía da cama e abria a porta e espreitava e via a enfermeira de serviço e perguntava pela bébé e queixava-me da azia e dos carros e do kompensan e que se tivesse a bébé comigo estava mais distraída e que não tinha sono, porque a azia tirava o sono a qualquer pessoa com sono, mais que não seja só queria ficar a olhar para ela no berçario a vê-la dormir e que, podíamos passar a noite nisto, ou podíamos tentar que ela ficasse ao pé de mim.
(Duas vezes que fui lá olhar para ela e depois voltava porque 'tar em pé também não 'tava a correr bem, até que da 3ª vez deixaram-ne vir para o pé de mim...)
No fundo o que eu sentia é que, desde as 17 h ela estava cá fora e eu não me cansava de olhar para ela e já durante a visita ela não estava no quarto comigo e já me tinham dado a volta aí dizendo que era melhor para a bébé, que estava muito frio, que as pessoas a viam no berçario e tudo e tudo e sei lá mais o quê, porque tudo aquilo para mim eram normas e precauções a mais, mas enfim, tinha parido à pouco tempo e estava tudo menos num estado normal, porque 'tava sem barriga e ainda 'tava com azia e 'tava cozida e 'tava a ter que lidar com isso ao mesmo tempo que estava era feliz, estava era radiante, estava era cheia de vontade de olhar para ela, de mexer nela, afinal era minha, caraças pá!
E assim foi, acabei por dormir uma horinha já de manhãzinha depois da dificuldade que foi, não com o parto, mas com o princípio da noite do dia 27 de Fevereiro de 1993, o 1º dia da vida dela no calendário e o meu 1º dia como mãe.
Ela esquece-se disso!
Ando há tanto tempo nisto, quanto ela.
Nem mais, nem menos!
E hoje, não sofri de azia, mas por volta da meia-noite e tal, ela foi dormir (e mais a amiga), depois de me ter dito (a olhar para mim), que eu não ia arrumar "isto" hoje e que amanhã ela ajudava-me e tal, ao que eu lhe respondi, se tás com sono, vai dormir e não te preocupes com mais nada (com um ar irónico)...
Hoje não a queria aqui ao pé de mim, se ainda não fui dormir é porque me apeteceu arrumar "qualquer coisinha", como as cadeiras da cozinha, na cozinha, como alimentos no frigorífico e guardanapos no lixo, como a loiça até encher a máquina e só estou aqui, porque para além de me apetecer estar aqui, estou à espera de conseguir respirar fundo, porque a cabeça está num excesso de velocidade desatinante.
Se tomar hoje um kompensan será que isto me passa?
Népia... vou mas é dormir descansada, que ela amanhã ajuda-me...!
(E porque decidi pensar nas coisas que queria pensar, amanhã.)
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Está a fazer 13 anos que...
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