quinta-feira, setembro 01, 2005

De volta do corpo...

Claro que o corpo é para estragar!
Acaba por ser um código genético que serve para fazer experiências.
Quando eu digo que é para estragar, não é no mau sentido.
Quando falo do mau sentido das coisas, sou tão bruta, tão bruta que, preferi aprender a reconhecer o bom no meio do mau e a "agarrar-me" a isso.
Facilita a minha existência.
Quando eu digo que é para ESTRAGAR, é com experiências e com mimos...
Ora essa.
:)

A minha filha fez dois simples furos, um em cada orelha.
Para a sociedade é normal.
Eu só acho que seja normal, se for por vontade própria e porque se quer usar brincos.
A mim furaram-me as orelhas, sem saber andar.
E... poucas vezes usei brincos.
Em miúda, mal pude tirei-os e hoje em dia tinha que ter um motivo muito forte para os usar.
Não sinto nenhum.
Gosto de me sentir bem.
Como ensino isto à minha filha, compreendo que ela goste de usar brincos.
Só ela sabe o que me rio com ela...
:)

A minha filha procura sentir-se bonita.
Não precisa, mas o corpo é dela.
Esta base de que o corpo é nosso, serviu-me a mim para o estragar, com tudo o que podia...
Tirei os brincos, comecei a fumar, apanhei a primeira bebedeira e avancei para o sexo.
Tudo coisas que estragam o corpo, excepto tirar os brincos.
"É com o corpo que sentimos e vivemos."
Esta frase não é minha.
Lógico.
Eu tirava-lhe o "vivemos".
Simples...
:)

Gosto de reconhecer padrões sociais, mas não gosto de os analisar.
Não preciso de saber quais são as razões que as pessoas têem, para saber que as têem.
Não tenho que aceitar, mas entendo que argumentos não faltam.
Voltando aos brincos, no meu tempo homem para ser homem não usava brincos.
Com a minha simplicidade acho que tanto homem, como mulher, só tem mais é que se sentir bem.
Aprendi a viver longe das mentiras, porque sempre vivi intensamente as minhas verdades.
Orgulho-me disso.
Devemos ser abertos, ou devemos ser fechados?
Devemos ser da forma que nos faça sentir bem...
O pior é que existe a palavra "segredo".
Cada um pega no seu corpo e faz daquilo um segredo.
O mal vem daí...
:)

Voltando às orelhas, chego aos rapazes.
Ainda hoje é assim: rapariga deve ser bonita, rapaz deve ser parvo.
Quando temos 12 anos, temos sensações que aprendemos a dominar.
Não se ensina isto, mas apela-se a isto.
Como mãe e porque fui filha, não me passa sequer pela cabeça apelar ao controle.
O controle existe naturalmente, porque todos gostam de controlar as situações.
Do que ninguém quer falar é do "descontrole", mas é desse conhecimento que cá em casa se fala constantemente.
Com a idade dela e nos anos seguintes eu não me achava normal.
Ela é normal.
Uma diferença abismal na mentalidade.
:)

Para ela é tudo novo, mas eu ando cá é para lhe facilitar a vida, ou seja, ajudá-la a absorver o conhecimento que ela vai adquirindo ao longo desta existência.
Eu cresci de uma forma que se pode dizer complicada, não tanto para mim, mas mais para os que me rodeavam.
Como aprendiz de maluca, portei-me muito bem.
A minha filha é maluca, aprendiz de sábia.
Um abismo em termos de missões de conhecimento...
Eu brinco com isto, porque se ela gosta do Cristiano Ronaldo, eu gostava do Damas, se ela se sente apaixonada pelo "querido", eu era pelo parvo da farmácia, e se ela anda toda maluca com um, que a acha uma "rapariga conforme deve ser", eu era mais o parvo da mercearia.
Queria ir à farmácia e tinha que ir à mercearia.
Passava duas vezes à porta da farmácia.
O da mercearia é que me escreveu a minha primeira carta de amor.
Soube disso anos mais tarde, porque foi confiscada pelos meus pais.
O que não se deve fazer.
Quando li a primeira carta de amor, que recebi com 12 anos, já não morava naquele sítio, já tinha 15, o da farmácia era o do 3º Dto e o da mercearia eram vários.
:)

Vontando aos brincos, os rapazes continuam a gostar de ter segredos e as raparigas continuam a gostar de os descobrir.
Esta mentalidade faz-me cócegas, porque é de certa forma natural e não consigo deixar de me rir com as peripécias.
Enquanto elas forem bonitas e eles parvos será assim que se conhecem, porque se reconhecem.
É nesta mentalidade que se desenvolvem aberrações, como a do Mário Soares a fazer de bonita e o Manuel Alegre a fazer de parvo.
Por exemplo...
:p