sexta-feira, dezembro 16, 2005

Boas festas e isso...

Querido menino Jesus,
Olha o que arranjaste...
Tudo hoje é uma cruz,
Porque no cruxifixo ficaste!

A teoria do cruxifixo é simples.
Percebi-a com o Ricardo do Sporting, num jogo que vi em directo na TVI.
O Ricardo teve problemas e sejam eles quais forem, agarrou-se com fé ao cruxifixo.
Muitos o fazem.
Os cruxifixos estão em toda a parte.
Até eu tenho um.
Era da minha mãe e é só por isso que o guardo.
Não o sinto como justificação para o sofrimento que há no mundo.
Não rezo a uma imagem, não prometo nada a um símbolo, nem coloco a fé condicionada a um objecto, muito menos sendo esse mesmo objecto uma espécie de hino à dor.
A dor existe.
Não precisa de ser transformada em culto.
Deitem fora os cruxifixos, comprem velas e incensos.
Deitem fora tudo o que vos transmita energia negativa.
Voltando ao Ricardo e à teoria do cruxifixo, num jogo o Ricardo parecia estar a ser salvo pelo cruxifixo (foi com o Guimarães, acho, mas já não me lembro bem), mas no jogo seguinte dava ideia que os adeptos da equipa adversária (o FCP, que nem marcaram, foi o Polga que empatou aquilo) estavam todos de cruxifixo no bolso para anular a energia do cruxifixo do Ricardo.
O único símbolo que interessa é a toalha.
Um homem e uma toalha é uma imagem perfeita para deixar divagar o pensamento...
Jesus, o vosso filho de Deus, foi inventado e reinventado e a história está muito mal contada, mas funciona perfeitamente como economia perpendicular.


Querido e estimado Pai Natal,
Tu que és de muita estimação,
Vê lá se fazes tudo certo e tal,
De forma a manter a ilusão...!

Aqui a coisa pia mais fino...
Temos os candidatos a Belém e nenhum é o menino Jesus.
Apesar de cruxificados, não passam de cartazes coloridos de uma esperança plastificada de uma vida melhor.
Ontem, num chat eu dizia que a única forma de mudar o Mundo era mudarmos o que nos rodeia.
Individualmente.
Mas o Mundo não vai mudar tão depressa, porque as pessoas têem medo de mudar.
As pessoas pegam no cruxifixo, agarram no dinheiro e compram o Pai Natal.
Mudar isto para quê?
Para deixarem de gastar dinheiro com directos, com entrevistas, com porta-chaves e isqueiros?
O medo da mudança faz com que acreditem na igualdade de olhos fechados.
Eu se fechar os olhos, só consigo ver o Vitória de Setúbal a melhor defesa da Europa, que não jogam “bonito”, porque com ordenados em atraso só podem jogar à defesa.
Acontece a todos os que se agarram ao cruxifixo na esperança da tal vida melhor, que faz do Pai Natal o padastro do Povo e cria a ilusão quer de olhos fechados quer abertos, porque com eles abertos eu vejo candidatos a tudo o resto...
Dá ideia que nada é à borla, neste Mundo.
Não dá?
É assim que funciona a economia doméstica...


Minhas queridas Nossas Senhoras,
Maria, de Fátima e da Conceição,
Mães, salvem-nos a todas as horas,
E em todos os momentos de aflição.

A maternidade é a saída...
Mudar podia passar por aí.
As mulheres mudam com mais facilidade, porque durante a vida a mulher muda muitas mais vezes que o homem.
No homem a coisa resume-se a crescer e a ficar crescido com pêlos e um pénis até chegar à altura de lhe enfiarem um dedo no cú...
Uma mulher cresce até ter pêlos e passa por ter a menstruação, por perder a virgindade, por ter filhos e um dedo no cú não passa duma cruz que eles carregam armados em Jesus.
Acordam aí eles?
Nem por isso, porque adaptados a determinados factores, estão amarrados ao cruxifixo, enquanto a mulher corre livremente na forma de santa, ar cândido e doce, procurando a fórmula química da paz, da protecção e do bem estar.
E o amor?
O amor anda perdido, porque ninguém ama o cruxifixo.
É fácil perceber porquê...
Não acredito em nada do que dizem, acredito no que sinto e no que me transmitem até sem palavras.
Esta é a base da palavra de Deus, mas passa despercebida.
E porque passa despercebida?
Porque é mais fácil dominar um sentimento, que viver o mesmo sentimento.
O caminho mais fácil é agarrar no símbolo e rezar para que o milagre aconteça e ao 3º dia já o estejam a viver intensamente.
Que rica ilusão...
Não devíamos reagir com amor a tudo o que nos acontece?
Como podem as pessoas sonhar com uma vida melhor se, sempre que acontece qualquer coisa, reagem desculpando-se com falta de tempo, por exemplo, quando na realidade querem é apenas ter tempo para pensar na melhor forma de reagir?
Perco-me com isto...
É uma espécie de paciência que, me deixa muitas vezes, à beira de um ataque de nervos, mas já me sei controlar de forma a que isso não aconteça.
Rezo para que abram os olhos, para que cresçam e descubram a dádiva da vida longe de toda esta economia cruzada...


Deus criador do Universo,
Que nos criaste à tua imagem,
Recebe este simples verso,
Como se fosse uma homenagem...

Se as pessoas acreditassem em Deus, não falariam dele.
Eu não consigo falar do “meu” Deus, não consigo explicar quem ele é, nem o que representa para mim.
Por estas e por outras é que ando calada...
Hoje é dia de Lua Cheia e o Sol estava em oposição à Lua quando comecei a escrever isto.
Quer acreditem, quer não, nestas coisas o facto é que ando com uma dor de cabeça mesmo a meio da testa, desde ontem.
É o Saturno a ir-se, o Júpiter a vir-se e eu a aprender...
Perco-me a pensar em dar a volta e fico dividida entre o associativismo e o individualismo.
Para mim é tudo tão simples que, se o Mundo fosse à minha imagem, seria uma espécie de éden físico, baseado no prazer de ter um corpo e brincar com ele.
Lembram-se do significado?
Brincar é descobrir, é sorrir, é experimentar, é rir, é quase tudo...
O problema de não me sentir integrada neste País e neste Mundo, deve-se ao facto de me tratarem como um brinquedo.
Brincam comigo à força toda e eu tenho dias que me sinto uma peça de um puzzle e outros que me sinto como a chave do enigma.
É muito estranha esta economia paralela...