sábado, novembro 08, 2008

Visão do mundo ao acordar

Sem abrir os olhos, virei-me para o outro lado.
Devagar o meu cérebro começou a funcionar e a vontade de mijar tomou conta do espaço mental.
Satisfeita a necessidade física e de volta à cama, rebolei à procura do quentinho e da melhor posição.
É bom acordar devagar.
(Um luxo que o dinheiro não compra.)

Gosto de começar o dia a pensar na humanidade e fico uns bons 10 minutos diariamente à procura da resposta à pergunta: "Que mundo é este?".
Numa sequência de pensamentos absolutamente lógicos, cada pessoa tomou a forma de soldadinho de chumbo, como membro integrante de um dos muitos dos exércitos de soldadinhos de chumbo espalhados por todo o mundo e o mundo carregadinho de soldadinhos de chumbo era visivelmente pesado, cinzento e triste.
Um monólogo, também ele lógico, instalou-se na minha cabeça:
- Então e eu?
- Eu não sou um soldadinho de chumbo.
- Não?
- Não.
- Então e o que és?
- Eu sou uma peça de ouro.
- És?
- Sou.
- Porquê?
- Eu transformei o chumbo que me deram à nascença, o que me obrigaram a carregar na adolescência e o que comprei mal me apanhei adulta, em ouro.
- Como?
- Sem querer. Quando eu era soldadinho de chumbo e fazia parte de um exército, em determinada altura, o chumbo deixou de fazer sentido e foi nesse momento que descobri ouro e mais ouro dentro de mim e à minha volta.

Nestes últimos 4 anos, aprendi a dormir, aprendi a acordar, aprendi a respirar, aprendi a saborear a vida momento a momento, dia a dia, sem pressa.
(Ouro que o dinheiro não compra.)