domingo, novembro 05, 2006

Ora ponham-se lá no meu lugar...

Em que é que vocês pensam que eu acredito:
- na costureira ou no pronto-a-vestir?
- na comida caseira ou no take away?
- nas pessoas ou no sistema?
- na família ou na instituição?

Pois...
Quando era miúda dizia muita vez à minha mãe que eu não tinha culpa de ter nascido, mas coitada de mim, não sabia o que dizia.
Escolhi sim, escolhi este corpo, aquela família, esta vida.
Quando alguma mulher fica grávida, seja porque motivo for, os espíritos podem reservar aquele corpo. Isto explica os abortos expontâneos. Não tem reserva, não tem bébé.
No fundo os espíritos passam pela etapa de escolher a roupa que vão vestir e neste momento eu quando olho para a maioria das pessoas, fico com a ideia que elas passaram nalgum pronto-a-vestir.
Porque será que as pessoas tentam ser todas aparentemente iguais como os borregos?
Eu nunca fui assim e sempre tentei que não me confundissem com mais ninguém, daí eu ter sido uma criança curiosa, uma adolescente problemática, uma aprendiz de adulta irreverente, uma adulta maluca até me sentir agora uma cota filosófica.
Tem algum mal?
Alguém tem alguma coisa contra?
Ou quê?
(eheheheheheh)

Sabem porque é que eu sempre fui maluca?
Porque lá ia fazendo o que me dava na real gana e não me apanhavam a pastar com muitos borregos à volta...
:)
Aprendi a vida de borrega, mas como não me sentia borrega, não encaixava e como não encaixava chamavam-me maluca.
Pois, com muito gosto...
:)

'Tou a aprender a ser cota, é o que é, pelo menos eu acho que 'tou e pronto.
Que espero eu da vida?
Crescer? Já cresci e vou crescendo. Amar? É uma constante. Carreira? Já subi a pulso, desci a pique e agora mantenho-me apenas lúcida. Casar? Casei-me e deixei-me disso. Morrer? Tenho tempo, acho. Reforma? Há mais de 20 anos que sei que isso não vai existir para a minha geração. Filhos? Tenho uma e gostava de ter tido mais, mas se conseguir acompanhar esta, já sou uma mulher feliz. Netos? Espero ainda brincar com eles, mas evito sonhar com o que não depende de mim.
Ora pronto, consegui arranjar o espaço ideal para a filosofia e isso dá-me gozo, porque sempre fui adepta do prazer e o que me dá prazer é cá comigo.
Certo?
:)

No fundo tenho que me entreter com alguma coisa, enquanto o mundo não se endireita e cansei-me de andar toda torta, de forma a parecer direita.
Quero lá saber do mundo, quero saber é das pessoas, do que elas sentem, porque se elas se aperceberem que podem despir a pele de borregas, o mundo endireita.
Certinho e direitinho.
Estamos perto e fiquei tão contente quando vi esta semana uma entrevista a um "desgraçado" apanhado pelas cheias, que nem me lembrei de ter pena daquelas pessoas, acreditam?
A jornalista perguntou-lhe como é que ele se sentia e de quanto era o prejuízo e ele respondeu qualquer coisa deste género:
«Não sei quanto é que perdi, mas nunca vi nada assim, nunca vi as pessoas todas daqui ajudarem-se umas às outras, como agora...»
Dina, percebes agora porque é que ando filosófica?
:)