quarta-feira, outubro 26, 2005

A mosca e a aranha...

... ou post para embalar, sei lá.

Tinha acabado de me vestir para sair.
Faltava beber café.
Entrei na cozinha e fixei-a.
Não gosto de moscas.
Não me rala nada matar estes seres vivos, quando insistem em dividir espaço comigo.
Antes de fazer o café, coloquei o pano a jeito.
Persegui-a com os olhos na perpectiva de lhe descobrir as intenções.
E foi mesmo antes de começar a beber o café que ela pousou no vidro da janela.
Confesso que raramente acerto em cheio, geralmente morrem com o susto, ou fogem pela janela.
Não acertei.
Ela, com o susto, escarrapachou-se mais abaixo, na teia que uma aranhinha fez entre o vaso dos lilases e o caixilho da janela.
Fiquei parva a olhar para a mosca.
Que grande estúpida.
Podia muito bem ter morrido ali com o pano, ou podia ter-se baldado pela janela, dou-lhes sempre opção.
Até as aranhas têm opção, já que quando chega a hora de limpar a janela, primeiro convido as aranhas a passarem para o lado de fora da janela e só depois é que trato da demolição da teia.
Ali estava a porca da mosca a dar às asas, toda atarantada e o café à espera.
Da aranha nem sinal.
Que é que eu faço?
Bebi o café.
Enquanto bebia o café e via a mosca a dar às asinhas, apareceu a aranha.
Como gosto do café quente, bebo-o devagarinho, o que me permitiu assistir a um episódio da national geographic sem sair de casa.
A aranha bem pequenina em relação à mosca, tipo menor que uma asa, apareceu a correr teia fora, deu a volta à mosca e atacou-a pelas costas.
A mosca sempre a "asar" desesperadamente e a aranha a atacar desenfreadamente.
Nem quero pensar na quantidade de vezes que pensei "'tadinha da mosca".
Já era mau ter-se escarrapachado na teia, ter que levar com a aranha era péssimo.
Acabei de beber o café e acabei com a festa.
De colher em punho separei a teia, abri mais a janela e meti-as às duas, primeiro a aranha e depois a mosca, fora da minha cozinha e fui à minha vida sem saber o que lhes aconteceu, mas tive a visão de como se deve sentir um emigrante ilegal ao ser apanhado pelo sistema.
Quem diz um emigrante ilegal, diz um doente, diz um réu, diz qualquer um...
É a vida!