quinta-feira, julho 28, 2005

Vou ceder uma entrevista...

João Costa - Não há dúvida que estás a embirrar, mas não entendo com o quê, nem com quem.
Eu - É isso. Eu ando a embirrar com tudo e com todos. Só por isso não se percebe logo à primeira.
João Costa - Tomam políticos?
Eu - Pois tomam. A maioria só se consegue lamentar que 'tá doente, mas não fazem nada para largar os medicamentos, ou seja, consomem políticos mesmo de "marcas diferentes", lamentando-se sempre.
João Costa - Doentes da Democracia?
Eu - Não? Vê lá bem a Democracia em que a malta vive e diz-me se é real. Como se chamam as pessoas que vivem uma ilusão? Decidi chamar-lhes assim, porque me pareceu bem.
João Costa - A mentalidade deles?
Eu - Sim, a mentalidade deles. Seguida por homens e mulheres. O que interessa é ganhar dinheiro. Sociedade patriarcal, onde são os homens os primeiros a aceitar outros homens para os liderar, pagando.
João Costa - Então há um país para homens e outro para mulheres?
Eu - Não. Não há. Escrevi como mulher que sou. Apenas. O que me importa como ser humano é o bem estar, a saúde e a felicidade dos que me rodeiam. Sociedade matriarcal, onde existe a tentativa de cuidar de todos os filhos com igualdade, com as mesmas oportunidades de preferência.
João Costa - Então as mulheres não vivem aqui e não estão na política?
Eu - Vivem e estão. E qual é a atitude delas? As que vivem não estão para se chatear e as que estão imitam-nos a eles.
João Costa - Então não queriam cotas?
Eu - Sei lá eu o que a malta quer. Querem mudar, mas quando mudam não ficam satisfeitos e querem ficar com o que tinham. Salta-me à vista que o que não querem é o "desconhecido", preferem ficar com o passado, a arriscar o futuro. O tal futuro que passa por morrer e deixarem cá tudo.
João Costa - A conquista dos espanhóis, só reparaste agora?
Eu - Achas? Quando o tamanho da consciência aumenta demasiado costuma ocupar demasiado espaço. Tive que deitar aquilo cá para fora. São os que vão lá às compras. São os que vão lá passar férias, até compram apartamentos e semanas de férias. São os que vão para lá trabalhar. São os que estão cá, com inveja dos que estão lá. Sei lá, são tantos, tantos...
João Costa - Somos nós os culpados de termos estes políticos.
Eu - Também ando a embirrar comigo própria. Mas ninguém os mandou nascer, a eles.
João Costa - Fomos nós que deixámos.
Eu - E agora que somos todos cúmplices, temos todos que pagar este preço por isso? Em vez de mudarmos de políticos, não dá para mudar de mentalidade?
João Costa - Há anos que encolhemos os ombros, achamos que não é connosco e dizemos coisas do estilo “é que é já a seguir”
Eu - Eu sou igual a todos os que andam cá para se divertirem, para aproveitar o melhor da vida, o amor, a natureza, os filhos, os amigos, as patuscadas, essas coisas todas que até alguns têem vergonha de assumir, por isso tenho que gozar de alguma maneira com uma mentalidade que não é a minha, mas que me condiciona (para não dizer que me absorve e consome), porque me rodeia por todos os lados.