sexta-feira, maio 19, 2006

Caro Estado Português,

Quero deixar aqui um agradecimento, pela forma como hoje me ajudaram a resolver o problema de saúde da minha filha.
Ela começou por ter tosse, depois já tinha tosse e febre e passadas 24 horas, eu sabia que tinha que a levar ao Médico. Graças à minha amiga, que para além de me informar, ainda se ofereceu para nos levar, fomos a Benavente às urgências.
Como já tem 13 anos, pagou 3,30 € pela consulta e nem esperamos muito tempo para sermos atendidas. Embora eu já desconfiasse que era uma amigdalite, precisava de saber que antibiótico lhe dava, porque graças a Deus ela já não tinha uma amigdalite há mais de 6 anos e como é natural, a ciência evoluiu e eu não sou Médica.
Era mesmo uma amigdalite e o Médico receitou um analgésico-antipirético, um anti-inflamatório e o antibiótico. Perguntei ao Médico se não existia um genérico e ele disse-me que para as amigdalites, não.
Estranhei claro, mas o que eu quero é que ela fique boa e não importa se tenho que pedir dinheiro adiantado de avenças, ou pedir emprestado, porque com a saúde não se brinca. Sempre ouvi dizer isto e concordo com isso.
O Médico até era castiço, estava ali para atender urgências e pronto, não era preciso sequer fazer muito mais que, o que ele fez, portanto dali saimos para a Farmácia.
Nunca mais me vou esquecer de ir a uma Farmácia, ou duas, ou as que houverem, o mais perto possível do Centro de Saúde, fique ele onde ficar, porque de regresso ao Porto Alto, que até tem uma bela Farmácia, toda bonita e moderna, disseram-nos que não tinham o antibiótico e que já não o arranjavam para hoje.
Voltamos para trás e paramos em Samora, onde na 1ª Farmácia, a Sra que nos atendeu, nos disse que não tinha, mas talvez arranjasse o antibiótico para as 18 horas. Acedemos e ela telefonou para o laboratório, que lhe disse que o medicamento estava esgotado.
Por descargo de consciência, passamos na outra Farmácia que, só confirmaram que não tinham.
Lá regressamos a Benavente, para que o Médico trocasse a receita. Trocou.
Na 1ª Farmácia em Benavente, a Sra. que me atendeu e antes de olhar para a receita, disse para outra que estava à espera que ela embrulhasse qualquer coisa em papel bonito: "É só um bocadinho, porque provavelmente não tenho o medicamento da receita". Quando olhou para mim eu ainda balbuciei: Se acha que não tem antes de ver..., mas estendi-lhe a receita na esperança que estivesse enganada. Olhou e confirmou que, não tinha.
Aqui, confesso que já começava a achar que devia estar a fazer parte de algum programa de televisão, onde estavam a testar a minha paciência, mas consegui perguntar onde existia outra Farmácia e até foi a Sra. que estava à espera do embrulho que me informou.
No carro achamos que isto parecia um filme, mas lá andamos mais uns quarteirões e encontramos a outra Farmácia.
Tive uma sorte do caraças, V. Exas. perdoem a linguagem, mas foi mesmo uma sorte do caraças. A Sra. que me atendeu pisgou-se com a receita e eu confesso que pensei, é desta que a miúda toma o antibiótico, mas quando a vi regressar com a receita na mão devo ter feito uma cara que metia dó, porque a Sra. disse muito devagarinho:
- "É comprimidos, ou xarope?"
- Comprimidos..., respondi eu também devagarinho.
- "É que o Médico escreveu comprimidos, mas 400 mg só em xarope. Qual deles será?"
- Não sei... essa receita já é a substituição de outro antibiótico que está esgotado, porque somos do Porto Alto e já tivemos que voltar cá por causa disso...
Eu devia estar mesmo com uma cara de parva, de meter dó, porque ela então disse:
- "Isto é para quem?"
- É para a minha filha que tem 13 anos, 74 Kgs e uma amigdalite. Está lá fora no carro. Quer vê-la?
- "Não é preciso... este homem é sempre a mesma coisa!", e desapareceu com a receita.
Vendeu-me um genérico, em comprimidos de 500 mg.
Assinei a receita, por isso espero que quando aí receberem a receita não coloquem obstáculos (acredito que não coloquem, porque a vossa comparticipação de 70% saiu-Vos mais barata), porque a Sra. da Farmácia safou-me de boa e estou-lhe grata por isso.
A esta hora a minha filha já tomou o 1º comprimido que, antes de lho dar confirmei que é próprio para as amigdalites e Deus sabe como estou grata a todos os que me ajudaram a que isso acontecesse, em especial à minha amiga que nos levou de carro de cá para lá, de lá para cá, de cá para lá e novamente de lá para cá, fora o que andou de um lado para o outro, porque nem quero imaginar o que teria sido andar com a miúda de transportes públicos, nesta aventura.
Resta-me acrescentar que o Médico fez uso do computador que V. Exas. disponilizaram para nos facilitar a vida, que a receita impressa é muito bonita, mas que o sistema informático deve ser muito lento, porque o Médico só conseguiu imprimir a receita do antibiótico e quando ia a passar a dos outros medicamentos desistiu e passou uma manual. Manual também era a que substituiu a informática. Lamento que tenham gasto dinheiro nela, mas se virem que estão a ter prejuízo, aumentem o preço da consulta. Já sabem, estão à vontade...
Atenciosamente,
Uma cidadã com dívidas à Segurança Social e com esperança de um dia as pagar.

P.S. Se alguém me puder explicar o que é que se passa com as Farmácias e o Laboratórios agradecia, porque o que se passa com o Médico, eu até acho que sei o que é, mas garanto que se o voltar a ver, o informo que há um genérico para as amigdalites...