segunda-feira, maio 29, 2006

E agora é assim...

... acordo mais cedo e bem disposta.
O esgotamento foi-se (mesmo, acho), restam-me os ataques de nervos.

Já não acordo cansada, quanto muito, chego ao fim do dia com a paciência esgotada.
Realmente eu não tenho muita paciência para os outros.
Tenho paciência para mim, como jogar horas e horas, ou escrever durante bons bocados, ou sentar-me na varanda e por lá ficar (esta ando a treinar), ou até para pensar e pensar sem me preocupar com mais nada, mas com os outros a coisa é diferente e a grande culpada é a minha filha.
Por exemplo, ela ainda está a dormir... devia ter ido à escola... já está praticamente boa e tudo... mas está a dormir e eu estou calma.
Em condições normais (tudo acaba por ser normal em qualquer fase da vida, mas aqui, é num passado recente), já a tinha acordado aos berros e corrido com ela ao som do corridinho das responsabilidades, mas se ela já perdeu o ano, vou-me estar a chatear, porquê?
Agora só tenho que a contrariar o resto do dia e aguentar vários ataques de nervos.
Vou praticando o relaxamento usando a base da verdade e deitando tudo cá para fora, quer na forma de missa cantada, quer pela escrita, quer em desabafo de qualquer maneira.
Começou a ano mal e se a escola fosse por eliminatórias, já tinha sido eliminada no Natal. 9 negativas? Custa-me até escrever isto, não pela vergonha (sempre fui muito desavergonhada, amén!), mas porque me custa com'o caralho vê-la desperdiçar capacidades, assim, só porque, as hormonas não param de sar saltos.
As minhas também deram, se deram, e em pleno pós-25 de Abril...
Nada a ver! Nem vou fazer comparações, porque quando ela se tenta comparar comigo, acaba calada a levar uma ganda seca.

Agora, que eu podia muito bem andar entretida com os meus ideais, com a associação, com um bocadinho do futuro, já que o presente é cada vez mais estúpido e eu não consigo ficar quieta, feita estúpida, vejo-a a ela feita estúpida, a estudar para maluca, mas sem conhecimentos.
No dia em que eu lhe conseguir enfiar essa merda nos cornos (o pai é carneiro!), posso respirar fundo, porque ela deixa de ser como a maioria dos borregos da geração dela. Conhecimento! É isso que interessa...
Ok!
Ela está a aprender uma série de coisas, ok!, mas são cenas carnais, psicológicas e esse conhecimento adquire-se naturalmente, não é necessária nenhuma ciência...
Cansa-me, sinceramente que me cansa, ser mãe de uma adolescente, mas sempre me cansou repetir a mesma coisa 3 vezes. A primeira sai bem, a segunda de esguelha, a terceira só pode chegar de bandeja...
Sempre foi assim (há coisas que não mudam).

Ciência seria pensar que ela, coitadinha, não tem pai, que ela coitadinha, tem uma mãe como eu, que ela coitadinha, não tem capacidades e por isso ela seria uma estúpida, coitadinha, porque isso de medir pilinhas não é uma ciência exacta...
Às vezes sorrio sozinha, com o que ela me obriga a recordar, porque tento pôr-me no lugar dela e para isso tenho que me sentir adolescente (inevitável passar pelo passado e adaptá-lo ao futuro) e vejo-me logo a chamar à atenção, a contestar o que me ensinam e a ter longas conversas sobre o mundo.
Também sempre fui assim, se me podiam chamar à atenção, lá estava eu, a chamar à atenção também, a perguntar logo se tinha que ser fotocópia de alguma estúpida, enquanto ela apenas está a desenvolver a personalidade dela, mas inserida no meio ambiente.
Esta merda, para mim, é como fazer exercícios de relaxamento antes de competir, foda-se (e sinto-o na pele!), alguma vez o meio ambiente me agradou?
Nos últimos 5 anos dos anos 70, vivi numa espécie de zoo em que os animais se libertavam todos das jaulas, usando a porta aberta, o que deu origem a esta nova cadeia alimentar, chamada democracia, em que 30 anos depois, desapareceram as grades, mas os animais vivem como se elas lá estivessem, e o pior é que, muitas vezes, como se a porta da jaula tivesse sido fechada, num zoo perfeitamente organizado com base na cadeia alimentar.
Ai...! Como isto me custa!

Enfim, deixa-me lá preparar psicologicamente para mais um dia de contradições, porque vivo num mundo em que a humanidade sabe que devia ser feliz, mas prefere competir e/ou relaxar.