quinta-feira, maio 25, 2006

Falta de tomates...

AVISO: Este post é mesmo um insulto à Humanidade.
(Assim não há dúvidas!)

Ora porra, bardamerda, p'r'o caralho, puta que pariu esta merda, que 'tou farta, mas tão farta, que só me apetece escrever sobre a hipocrisia dos sentimentos recalcados da maioria em geral!
É bem mais fácil, encontrar palavras bonitas e dizê-las aos molhos de meia dúzia, ou dúzia em certas ocasiões, encolher os ombros e seguir com a vida de merda que arranjamos, controlando o que comemos, para não ficarmos soltos dos intestinos e deixar toda a merda à vista.
O que eu quero dizer é isto: CAMBADA DE CONAS MOLES!
Eu incluída, claro...

Porquê?
Anteontem à noitinha soube que o Fernando B. faleceu e embora não o conhecesse pessoalmente, fiquei triste, engasgada e ainda ando aqui com um nó. Se por um lado acho que ele só pode estar muito melhor na sua nova vida, sem corpo, mas com o espírito mais descansado, porque se livrou de todo o sofrimento que prolifera por cá, por outro penso nas pessoas que o amavam de corpo e alma e no que devem estar a sofrer. Qualquer pessoa decente e eu acho que o Fernando era muito decente, preferia continuar vivo a morrer, por muito sofrimento que tivesse que suportar, só para não fazer sofrer ninguém.
Pois...
A vida continua, não é?
Chora-se um pouco, escolhem-se algumas palavras, encolhe-se os ombros e segue-se com a tal puta de vida que temos.
Claro...
Mas ontem tive outro choque, desta vez por causa de uma foto, esta:


O poema é lindo, mas contrasta com tudo o que nos rodeia que é feio, é pobre e de uma hiprocisia que me sufoca.
Onde estão as palavras lindas agora? Que comentários vão ser feitos?
Afinal o que é que andamos cá a fazer?
Desculpa Jorge por trazer para aqui esta foto do teu Sete Mares, mas como te disse no comentário que deixei, fico sempre triste quando sou confrontada com esta realidade.
Fico e ficarei por muitos anos que viva e estou-me a cagar para as palavras bonitas, porque me dói a alma...
Mas claro, que as pessoas fogem das tristezas como quem foge da peste, fogem de quem não esconde que está triste, porque nessas alturas as palavras bonitas podem enfiá-las no cú e ou têem uma mão para a estender, ou bem que o melhor é sair de fininho e deixar as pessoas sofrer em paz, porque sentem impotência e aceitam isso, como aceitam a morte e as palavras bonitas, como aceitam que a vida é assim, vá-se lá saber porquê.
CAMBADA DE ATRASADOS RACIONAIS!
Preciso de gritar e de me revoltar e de mandar todos para as putas que os pariram, só para ver se nascem de novo e se tornam mais humanos.
Realmente não sei como dar a volta a isto, não sei como lidar com a morte do Fernando, não sei como lidar com o que esta foto me faz sentir, mas não consigo fingir que está tudo bem e muito menos dizê-lo, mas também não procuro compreensão, não estou à espera que me estendam a mão e muito menos estou à espera que com esta conversa o mundo mude à minha volta.

Porquê?
Porque me sinto orgulhosamente só na minha dor.
Sou como a maioria dos animais irracionais, preciso de tempo para lamber as feridas e elas precisam de tempo para sarar.
Não preciso que isto passe o mais depressa possível, porque o tempo que as feridas levam a sarar não é importante, pois que o tempo que possa viver menos importante é, já que me sinto perdida e sei que ninguém me vai achar e encaminhar para as certezas, porque as certezas são nítidas e a maioria prefere viver de incertezas, como de certezas se tratassem.

Sim, eu tenho peste!
A peste da impotência, da tristeza, do querer mudar o mundo através da mentalidade e não saber como fazer isso...
Não, eu não me estou a lamentar!
Quero lá saber das palmadinhas nas costas, quero lá saber se compreendem, porque o que eu gostaria era de vos pegar esta peste e talvez aí sim, conseguíssemos mudar alguma coisa.
Chega de tentar trazer as pessoas para cima, porque é de baixo que as coisas mudam.
Estás triste?
Ok! Eu vou lá para baixo contigo, choro contigo e de lá só saímos para gritar a tua revolta, porque viver cá fora é demasiado hipócrita para as nossas almas.

Porquê?
Porque ao receber um e-mail hoje de manhã, de um amigo muito querido, sou confrontada com isto:
"Lisboa está florida a todas as esquinas. Cestos e cestos de raminhos da espiga, compre minha senhora compre, é tudo a dois e cinquenta. O bom povo arranja todos os esquemas para ser feliz e fazer algum. Depois com uns eurozitos extras, compra mais umas bejecas, uns caracóis, sobe a bandeira portuguesa na empena da casa do bairo clandestino, tal como o senhor Scolari mandou, sim porque cá quanto ao sintimento eu sou é mesmo perteguês. Quero lá saber da escola dos putos, olha eles que se desenrasquem que tambem anda por aí muito doutor desimpregado. O Centro de Saúde é uma merda mas a gente há-de se desinrrascar de qualquer maneira, é preciso é que a Selecção ganhe."
Estou aqui prestes a gomitar, acreditem!
Eu também me tento enganar, eu gosto de futebol, não tenho dinheiro para os pistachos e as cervejas, mas não estou a reagir em função do que gosto, do que não tenho e muito menos do que gostaria de sentir, de ter, ou do caralho que nos foda a todos de uma vez, porque estamos a ser enrabados à força toda e até fingimos para nós próprios, que é isto a vida...

NÃO!!
ISTO NÃO É VIDA!
ISTO É UMA DROGA E ANDA TUDO DOPADO!