terça-feira, outubro 19, 2004

Cada um faz a análise que quer, ou chega à conclusão que lhe dá mais jeito...

A justificação mais original, que ouvi, para justificar "a mentira" foi alegar o direito à privacidade...
Privacidade?
Fiquei a pensar nisto e se pensar com lógica, tem lógica...
Quando alguém nos telefona a meio de qualquer coisa que, não queremos partilhar, o mais natural é o subconsciente inventar logo uma tanga qualquer, de maneira a despachar o assunto e continuar a fazer o que estávamos a fazer, na boa e sem mais explicações.
É natural isto...
Ou não é?
Vai dar razão à tal questão da privacidade e ao facto de não termos que dizer tudo a todas as pessoas.
Mas não bastará um simples "não quero falar disso", ou um "não me apetece partilhar", suficientes?
Na maioria das minhas relações, basta...
O direito à privacidade conquista-se fazendo-nos respeitar.
Para nos respeitarem é preciso que nos conheçam.
Para nos conhecer é necessário assumir o que sentimos e o que pensamos.
Só assim ganhámos segurança em nós próprios e não vivemos na sombra dos outros.
Ou não é?
Está na moda falar de hipocrisia.
Porquê?
Porque é cada vez mais difícil identificarmo-nos com as outras pessoas.
Se nos identificamos com alguém num aspecto, já não nos identificamos nos outros e se não tivermos confiança em nós, vivemos na sombra da loucura alheia.
E o que é que acontece?
Acontece que percebemos que assumimos determinada postura e na maioria das vezes nem sequer é isso que sentimos ou pensamos.
O mais absurdo é quando assumimos uma postura e praticamos outra...
Não é triste?
Eu sei que as pessoas são educadas segundo padrões de comportamento e isso, mas há necessidade de sermos apenas as sombras da sociedade?
Não temos opinião?
Não temos sentimentos?
Não pensamos pela nossa cabeça?
Pois...
Então porque é que não somos verdadeiros?
Uns não gostam de conflitos, outros não querem chocar, outros não querem partilhar, outros não querem contrariar, outros isto, outros aquilo e por tudo isto, vivemos como vivemos, somos quem somos e até nos damos ao luxo de não querermos mudar, só para não nos termos que chatear...
É lindo o nosso Povo!
Ainda bem que estas merdas me incomodam cada vez menos...
A base de relacionamento, que mantenho com as pessoas que fazem parte da minha vida é emocional, espiritual e não racional, porque se fosse apenas racional, eu não gostaria de tantas pessoas... ai não gostaria, mesmo!
A minha dificuldade em "estudar" e "avaliar" uma pessoa só pelo lado racional, reside no facto de que comigo ninguém é "só" racional e assim fica difícil perceber porque é que essa pessoa é tão diferente nas atitudes com as outras pessoas...
... e até chego a pensar que sou eu que não conheço ninguém!
Pode?