Sábado foi dia de ir a Oeiras.
Os transportes aumentaram mesmo!
São poucos, são caros, acabam cedo e não existe quem informe, a não ser os motoristas mesmo que de outras empresas, os quais até são simpáticos, ou seja, HUMANOS...
Como a Dani não lhe apeteceu sair às 11:32, decidi experimentar ir de combóio até Alcântara-Terra e apanhámos a camionete das 12:50 até Vila Franca de Xira.
Terra esquisita!
Portanto, quem não vai na das 11:32, só pode ir na das 14:22, se a ideia for sair em Lisboa, sem paragens...
É justo!
Nem a pagar a malta é bem servida.
Adiante...
Em Vila Franca deu-nos logo vontade de voltar para casa, já que aos fins de semana não há combóios para Alcântara.
Porreiro!
Informação gentilmente cedida pela funcionária simpática, cujo serviço era apenas informar sobre os combóios "finos" (Alfas, Intercidades e Regionais e assim).
Humana, certamente...
Sugeriu um trajecto que desde logo rejeitei, porque conhecia o filme...
Virar costas e procurar uma camionete para Lisboa, já que Vila Franca é central e tal...
Horários e mais horários, transportadoras diferentes e tudo num quadro com os vidros todos cagados, numa rua toda cagada com terra molhada espalhada pela rua e com aquelas cenas de madeira para a malta se poder meter com os toiros e isso...
Dizem para aí que quem não é campino, é toiro e eu ando a tentar identificá-los, mas não é fácil...
Reparei num cartaz e descobri que quem organiza a festa são os Bombeiros, mas esclarecem que não se responsabilizam por eventuais acidentes. Ou seja, arranjam os toiros e soltam-nos de maneira a poderem facturar uns curativos. Oxalá ganhem todos para os pensos...
Próxima camionete, às 14:00 na rua de cima.
Menos mal, já que pelo menos não tinha terra, ou areia e assim...
Tínhamos mais de meia-hora livre e decidimos comer qualquer coisa, de preferência um hamburger
Já na rua de cima, vimos a paragem, confirmamos a coisa e aconselharam-nos o Centro Comercial (enorme!) mesmo ali à mão...
Sou alérgica a isso, mas a Dani adora!
Escadas, escadas e mais escadas, umas rolantes outras nem por isso e lá chegamos ao último piso, onde está a comidinha...
Se era para eu me perder nas montras e assim, perderam o tempo que trabalham no projecto para promover o consumo no caminho do que se pretende verdadeiramente consumir.
Estávamos nós a olhar para as placas e plaquinhas duma coisa que servia refeições e lá estavam os hamburgers.
O chico-esperto-brincalhão apontou para outro quadro e veio ter connosco.
- Ali não tem hamburgers, mas ali tem. - disse olhando nas duas direcções.
- Esqueci-me. Mas tem no prato.
- Nós queríamos no pão, para ser rápido.
- No prato também é rápido.
- Mas tem no pão?
- Tenho...
- É o que queríamos! Um com queijo e outro com cebola.
Seguiu-se a confirmação dos "recheios" e tal e assim... mas eu gosto que tudo corra bem...
Gosto...
Voltou para perguntar o que bebíamos e voltou mais uma vez com as bebidas.
Desapareceu...
Passados 15 minutos, nem notícias dos tais hamburgers.
Comecei a ficar impaciente e a Dani levantou-se, o que fez com que o cromo voltasse.
- Já estão a sair. Mas antes a Sra. esteve a fazer umas pataniscas e demorou mais um bocadinho.
- E era rápido no prato...
Quando voltou, passados 5 minutos, eu continuava calma e enquanto ele colocava os pratos na mesa, disse-lhe assim:
- Correcto, correcto, seria o Sr. ter chegado aqui à mesa e avisar que estavam a sair as pataniscas e assim a opção de espera era nossa, já que queríamos algo rápido! Agora pode fazer já a conta, s.f.f...
Engoliu e desandou...
Voltou e devia ter ficado calado, mas...
- Ao menos está bom?
- Não! Está queimado...
E abri-lhe o pão, calmamente nas trombas dele. Ficou a olhar e disse:
- Está bem passado...
- Pois é isso! Está bem passado... - disse eu, encolhendo os ombros, fechando o pão e dando-lhe uma dentada.
Deixou-nos acabar de comer sossegadas, mas quase no final voltou a aparecer, para recolher o dinheiro...
- Um dia, há-de cá voltar e quem lhe faz o hamburger sou eu.
Levantei os olhos, e olhos no olhos disse ao mesmo tempo que acompanhava com gestos:
- Aqui? (e apontei com o dedo para a mesa) Não! (e abanei com o dedo diante dele)
E o Sr. Sorrisos sorriu com um sorriso de quem não acreditava no que lhe estava a acontecer. Pois nem eu! Vivi tudo isto nas calmas e até falei baixinho, baixinho...
A Dani diz que eu não posso sair de casa e eu acrescento que, nem gosto, pá!
Nem gosto!
Estávamos na paragem e claro que levámos uma seca. Quem anda de transportes sabe que até é fixe olhar para quem passa, ou não...
Conseguimos chegar ao Campo Grande (gastando mais 0,75€+0,45€ por termos "partido" o transporte em Vila Franca, fantástico!), apanhar o metro e o combóio, sem mais simpáticos ou broncos.
E lá demos as nossas voltinhas, com uma espera de meia-hora num dos sítios e já a Dani se queixava dos pés...
Comprámos uns chinelos de meter no dedo e foi um alívio.
Ela não gosta de andar a pé... :(
Pode?
Bem, no último cliente apanhei-o a jantar, antes de servir jantares.
Demorei mais que o devia, porque aproveitei para lhe "dar na cabeça" e tentá-lo chamar ao planeta, enquanto ele aproveitava para ir avisando o pessoal...
E... chegámos à conclusão que íamos perder a camionete.
A Dani apanhou uma seca, mas estas secas que ela apanha é apenas uma vez por mês. Não é muito...
E tive que decidir o que fazer...
Já sei que não podemos contar com as camionetes para jantar fora em Lisboa, já que ao sábado, acabam às 20:45!
É fantástico!...
Devia ter ido para a gare do Oriente, mas feita estúpida decidi ir para o Campo Grande tentar apanhar outro machibombo qualquer para Vila Franca e lá, nem que fosse de táxi...
Burra!
Não há camionetes aqui para a terrinha depois da 20:45 e mainada!
Isto implicou andar a falar com os motoristas simpáticos e até ter confirmado o que já tinha visto nos horários...
Bolas!
A Dani começa a chorar e só me apercebi disso quando agradeci ao mais simpático de todos...
- Tás a chorar?
- Ai mãe, como é que voltamos para casa?
- Olha... voltando... mas tenho de pensar económicamente, porque o dinheiro tem que chegar.
Ela vê tudo negro na primeira dificuldade e eu tenho tendência a ver cinzento e começo logo a clarear...
Bendita calma que eu tenho vindo a conquistar com esta mudança de casa!
Obrigado, Dina! :)
Então pensei em telefonar e "escolhi" dois amigos que só não nos levariam se não pudessem mesmo...
O meu telemóvel já estava sem bateria em Oeiras (mesmo que tivesse, não me servia de nada a não ser para os kolmi's e isso) e portanto dirigimo-nos às cabines da PT dentro do Metro.
Perdi 3€ e consegui ligar uma única vez, só que não estava ninguém em casa... oh!!
Ainda dei uns murros naqueles 4 telefones inúteis para nós, autênticas máquinas de gamar ao serviço da PT e como se já mamassem pouco!
Quanto mais lhes batia, mais as moedas desciam e mais vontade eu tinha que aparecesse um Polícia, um... dois...
Não conseguia falar com ninguém, aquilo só engolia as moedas e a Dani voltou a ficar cheia de nervos e expliquei-lhe que estávamos as duas, logo estávamos seguras, mas o cromo do Metro veio estragar tudo...
Depois de ter ficado sem todas as moedas pequenas, restava-me uma moeda: 2€!
Tentei trocá-la e nem queria acreditar...
- Boa tarde. Importa-se de me trocar 2€?
- É para quê?
- Para o telefone.
- Não posso.
- Como?
- Ordens de cima.
Não queria acreditar e gesticulei com um braço acima da cabeça, repetindo:
- Como?
- Podemos ficar sem trocos.
- Ahhhhhh! Somos portanto bichos e cumprimos ordens... desculpe lá insistir, mas nem do seu dinheiro me pode trocar os 2€ para o telefone? - e olhei para a Dani que voltou a chorar.
Aqui o estúpido ficou atrapalhado e levantou-se. Trouxe a carteira e não tinha nem que chegasse a 1€.
Olhei para ele através do vidro e olhos nos olhos, disse-lhe:
- Somos mesmo bichos e tratados como bichos, mas olhe... obrigadinho de qualquer maneira e continue a fazer o que lhe mandam, faz muito bem porque os bichos obedecem...
- Mas posso-lhe vender um bilhete...
- Não quero o bilhete! Obrigadinho!
Acreditem que ele não ficou zangado comigo!
Eu falei devagar e não me exaltei, nem o insultei...
Claro está que depois a máquina levou um murro maior quando engoliu os 2€ inteirinhos!
Rico negócio este da PT! Colocam cabines que engolem moedas! Fantabulástico!
Tive que pensar depressa e resolvi apanhar o Metro e irmos até à gare do Oriente apanhar o combóio ou o dinheiro acabava por não chegar.
Isto tudo com 565€ em cheques na mala!
Isto tudo depois de ter saído daqui com 40€ (era para levar 20, mas os meus anjos sabiam que não chegava) e em Oeiras lhe terem dado 10€.
A Dani não achou piada nenhuma, quando eu lhe disse, que dormíamos ali e apanhávamos a primeira camionete ... e só eu é que me ri... e sugeri-lhe:
- Queres dormir na N.?
- Ai mãe, estou farta de pensar nisso e só não te disse porque tu é que és a "comandante"...
Discutimos o assunto e lá fomos, mas antes fui comprar 2 bilhetes ao mesmo bronco!
- Queria 2 bilhetes.
E apresentei-lhe 5€.
- Está a ver, agora já lhe posso trocar o dinheiro...
Estúpido!
- Pois pode. Mas eu estou a comprar bilhetes, porque não consegui telefonar... (Já estava a recolher os bilhetes e o troco) Mas tenho a certeza que quando forem os aumentos lá para Janeiro os bichos lá cima, vão-no recompensar cá em baixo por seguir as regras para lidar com os bichos e se ficar sem aumento, não se rale, porque é normal entre bichos...
E bazámos...
Calmamente chegámos ao nosso novo destino, depois de termos apanhado um autocarro e tudo voltou a correr bem.
A minha amiga não estava e fomos a casa da mãe.
Estava lá o filho dela e lá ficaram os 2 contentes.
Ainda comemos uma sopa, contei toda a aventura à tia e ainda se riu.
Conversámos e depois decidimos deixá-la dormir e fomos para casa da minha amiga.
Ela chegou tarde, mas ainda conversámos...
Trouxe-lhe o filho no Domingo.
Uma Sra. simpática ofereceu-nos 3 módulos, só porque eu tinha 10€ na mão e ela tinha comprado o passe para ela e para os filhos, recentemente...
Estávamos todos na paragem do autocarro e ele demorou 40 minutos a chegar, mas ainda conseguimos passar num hipermercado antes de apanhar a camionete.
Logo no Domingo o telemóvel do miúdo caiu à água e morreu...
Isso irritou a minha amiga, quando soube disso, pelo telefone.
Conversei com os miúdos e falámos de castigos e da diferença que fazem entre as crianças e os adultos e o "culpado" era sempre o dinheiro, neste caso, também a falta dele...
Vou começar a fumar tabaco de enrolar e poupar dinheiro como esta minha amiga.
É mais barato, mais aromático e evito aquele papel cheio de chumbo dos cigarros e que fazem com que eles ardam depressa, de forma a promover o consumo, desenfreado...
Não fosse o telemóvel e estava tudo bem, mesmo.
Segunda-feira veio outro amigo e só mais tarde chegou a mãe chateada com o telemóvel.
Já eu tinha ido ao banco levantar um dos cheques, passado na Dina e feito algumas compras...
Jantámos e tivemos uma porra dum bate-na-mesma-tecla-até-que-me-oiças, eu e a minha amiga...
Conhecemo-nos muito bem, vivemos sòzinhas com os filhos, o dinheiro é sempre pouco e qualquer prejuízo é um drama.
Para mim, era...
Ando calma e tentei transmitir isso, já que ela reage como eu reagia, à bem pouco tempo... o xavalo leva um sermão e mais uma série de castigos e a cena repete-se...
A única forma é responsabilizá-los, mas de forma a que não sonhem em ter mesada só para poderem pagar o prejuízo que dão, como é o caso do xavalo...
Mas ela não ouvia...
Eu também não me aborreci e até brinquei.
Pois brinquei, mas ela nem com brincadeira...
Hoje (ontem) calou-se... ela... e o telemóvel funcionou! :)
Eu só disse:
- Afinal até tudo se resolveu sem prejuízo... bolas! Deve ter sido do banho, das velas e dos incensos... e quem sabe até das orações... né?
E, ri-me...
Só me posso rir... já que ando calma.
Não posso permitir que o exterior contrarie esta conquista de uma paz que, não há dinheiro que compre.
É... e vou andar agarradinha a este "sentimento"... sem esforço... porque vai ser assim que vou ganhar um euro-milhões... e nem vou ter nenhum peripipaque quando souber disso!
:)
quarta-feira, outubro 06, 2004
Um fim de semana diferente...
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