domingo, maio 23, 2004

Alguém sabe o que significa a palavra "pessoas"?

Ainda ontem ouvi falar em pessoas no Congresso daquele Partido que juntamente com aquele outro Partidinho desgovernam este País e fiquei totalmente baralhada.
Se eles falam em pessoas e se dizem que se preocupam com as pessoas, eu já não sei o que é que é uma pessoa.

O tal poder que lhes é conferido, por serem os mais "fortes", é tudo baseado em conversa.
Os homens ao civilizarem-se deixaram de resolver as coisas aos murros e passaram a usar as palavras.
É com as palavras que convencem, que batalham, que perdem, que ganham, que agridem, que desmoralizam e que até matam quando se fazem seguir numa guerra.
As palavras são armas que servem para lutar civilizadamente.

Talvez o que me tenha feito despertar para estes pensamentos, tenha sido mesmo a tal dita cuja "evolução" em subtituição da "Revolução".
Houve Revolução.
Houve Evolução.
Mas obedecendo sempre "à lei do mais forte".
Por isso ainda existem guerras e por isso até Portugal se "sentiu" no direito de apoiar os EUA, numa posição de "se colocar ao lado do mais forte" e da economia mais poderosa (será mesmo?).

Talvez se a mentalidade mudasse e, em vez do "mais forte" ser escolhido pelas palavras, o fosse pelas atitudes, pela humanidade, pela sensibilidade, talvez deixasse de ser importante as diferenças entre os homens e as mulheres e talvez se conseguisse acreditar na "importância das pessoas".
A verdadeira "Revolução" chama-se "liberdade", mas a "Evolução" só se pode chamar "verdade".
E neste momento, a verdade é que já são teatros a mais...
A liberdade pode ser exercida, escolhendo a verdade ou optando por continuar a viver para alimentar uma grande mentira: a Economia!

O ridículo disto tudo é que as pessoas votam em quem tem o "dom da palavra".
Porque é que é ridículo?
Porque elas próprias têm dificuldade em se exprimirem e nem reparam que "aquelas pessoas" aprenderam a fazer discursos apenas para convencerem as outras pessoas que, são pessoas muito "fortes".
Esta merda deste post faz-me lembrar a sensação de ser pequenina e ver nos meus pais os meus heróis.
A puta da sensação só passou quando descobri que, as "mentiras" que eles diziam, eram pura conversa baseadas numa educação católica e na concepção de conceitos e preconceitos.
De "heróis" tornaram-se apenas seres humanos comuns.

Conversa todos temos em qualquer altura da vida e não me venham com a conversa de existirem pessoas tímidas, porque existem sempre sensações em que nos sentimos os mais "fortes" (com os filhos isso acontece, por exemplo).
Agora que tipo de conversa?
Falamos do que vemos e do que ouvimos?
Falamos do que nos ensinaram e meteram na mona?
Falamos do que sentimos e do que sofremos?
Falamos do que conhecemos de nós próprios?
Falamos do que conhecemos dos outros?
Falamos o que sabemos que os outros querem ouvir?
Falamos o que queremos que saibam sobre nós?
Falamos de quê afinal?

E... já agora... falamos PARA QUÊ?
Falamos do que sentimos, do que queremos sentir, ou do que queremos fazer sentir?
Eu falo do que sinto, porque assim não me engano, não engano ninguém e sobretudo respeito-me a mim própria.
É uma questão de entrega...

Aqueles senhores da política entregaram-se aos fatos, às gravatas e aos discursos, como forma de se sentirem fortes, poderosos e líderes, não pelas pessoas, mas por eles próprios.
Afirmam-se assim como pessoas e mostram aquele tipo de personalidade "chapa 10-político", mas quem são eles na realidade?
Diria um deles:
- Eu sou o Paulo Portas, curto submarinos, é mentira tudo o que dizem de mim, sou o Ministro da Defesa nem sei como, mas como tenho tentado ser um bom menino, deram-me este brinquedo que, agora se está a tornar chato, porque já não posso falar e escrever o que me apetece e só me posso limitar a falar como membro do Governo.

Pessoas?
Eles sabem lá o que significa a palavra "pessoas", mas perguntem-lhes quem é o "voto" e vão ver as respostas...
Hoje estou farta de pensar nestas merdas e farta de pensar nas mesmas!
Pareço uma sapateira cheia de merda na cabeça!
Deve ser um dos efeitos secundários de ter um Blog, também...
Fujam!!!!!