Cábulas e isso... :)

Lá foi ela para a Escola.
Mais descansada.
Antes de ir disse-me assim:
- Ó mãe estou tão cansada que preferia ficar em casa a tarde toda a estudar inglês.
Eu fiz que nem percebi e respondi:
- Deixa lá filha, que 4ª f que vem já acabei os modelos 22 e aí só vou dizer à Directora de Turma que tu vais à Ginástica às 3ª e às 5ª feiras. As 4ª feiras eu justifico-te as faltas e mainada!
Sorriu de orelha a orelha.
- Boa mãe! Assim não vou andar tão cansada...
- Agora vê lá se não vais dar com a língua nos dentes já, como quando contaste às tuas amigas que eu dormia nalgumas aulas. Linguaruda...
Ela riu-se e responde:
- Até parece que tens esses problemas ou que tem algum mal...
- Tem. Não quero dar ideias a ninguém. Por isso é que ainda não te contei das cábulas!
- Ó mãe conta.
- Eu fazia cábulas para as minhas amigas.
- O quê?
- Então filha, a Matemática eu acaba os testes muito tempo antes, e depois fazia papelinhos com os problemas e dava-os às minhas amigas.
- Ó mãe tu és maluca.
Sorri...
- Sabes porque é que fazia isso? Porque elas não gostavam de Matemática e precisavam de ter Suficiente.
- Ó mãe e como é que fazias?
- Então um ano a professora descobriu, porque eu errei numa conta simples e como eu tinha sempre Muito Bons (isto no 7º ano), todas as minhas amigas erraram a mesma conta, tás a ver?
- E o que é que aconteceu?
- Então passei a fazer os testes numa secretária isolada ao fundo da sala.
- Então deixaste de dar os papelinhos às tuas amigas...
- Não filha, acabava o teste, fazia os papelinhos, cada um com um dos exercícios, levantava-me e no caminho ia deixando cair os papelinhos e depois elas trocavam. Excepto no último teste do ano que a Professora levantou-se e veio ela para o pé de mim. Fiquei danada!
Já ela ria às gargalhadas.
- Ó mãe e não fazias para ti?
- Só mais tarde com a cena dos símbolos químicos. Escrevia-os nos braços. De resto o que sabia, sabia e o que não sabia, paciência, inventava e às vezes acertava.
- Posso contar isso às minhas colegas, mãe?
- Podes filha. Se a Professora de Inglês também vos ensinou, então que eu sirva de exemplo também...
E ri-me.
Foi bom recordar.

O 7º ano foi se calhar mesmo o melhor ano escolar da minha vida.
Os professores queriam-me todos na primeira fila.
Gostavam tanto de mim.
Quanto mais perto deles mais felizes ficavam.
Um dia, consegui que a minha fila andasse toda devagarinho para trás.
Foi lindo.
O professor sempre a escrever no quadro mesmo à minha frente.
Ia olhando rapidamente e voltava-se para o quadro e escrevia.
O campo de visão geralmente não me apanhava.
Eu era a que estava mesmo perto dele.
Bem... quando ele finalmente se virou, eu estava (a primeira da fila) com a minha secretária um lugar e meio atrás.
Nunca mais me vou esquecer da cara dele.
Fez uma cara de parvo tão grande, que deu tempo de puxar a minha secretária para o meu lugar e todas as outras atrás de mim voltaram aos lugares.
Todos a sorrir e a disfarçar o riso.
Ele primeiro fechou a boca que estava aberta... e depois desatámos todos a rir.
O que mais o espantou acho que foi ver as 2 mais bem comportadinhas e mais betinhas que estavam na minha fila terem alinhado...
:)