... que a malta atravessa na vida!
Eu, chegada que cheguei aos 41 anos e a caminho dos 42, mas nem noto lá muito isso, estou a atravessar uma fase muito escaganifobética.
Estudar até estudava para me divertir se conseguisse ganhar dinheiro com as interpretações do estudo propriamente dito.
Profissionalmente para além de revoltada, gostava do que fazia, mas não sou compatível com o sistema operativo da puta da máquina fiscal.
Carreira é coisa que já fiz e não me levou a lado nenhum, a não ser, pensar em mudar de autocarro.
Viajar e isso, só vou por esse Mundo fora (e se não for também não morro disso), quando me sair o totoloto que, para andar a contar cêntimos, conto-os em casa e durmo na minha cama.
Dinheiro é uma alergia enorme que eu carrego dentro e fora de mim, mas quando me sair o totoloto eu depois ensino à malta para que serve o guito (que nos amarra a todos).
Futebol é coisa que já só me faz vibrar acompanhada, e juntos de volta de uns petiscos e de maneira que o relvado fique bem regado.
Discotecas e merdas assim eu até vou, mas é cada vez mais raro, porque as multidões consomem energia e eu até abano a peida em casa, quando me apetece e quando calha, e para ir seria com um gajo e mesmo com a intenção de me andar a esfregar toda nele.
Cinema é daquelas coisas em que poupo imenso dinheiro, porque estar ali fechada a ver histórias alheias, fico por aqui ou por ali a divagar e a viver a minha história de vida, que dava vários filmes.
Ser dona de casa comove-me e até me dá vontade de ser só dona de casa, tais são os ataques que me dão, de vontade de ir limpar os vidros, só para não me ir enfiar no escritório, mas como sou responsável, os vidros estão todos cagados.
Adoro cozinhar, mas até isso está a começar a perturbar a minha essência, porque não posso cozinhar o que me apetece, já que o dinheiro não se comove com os meus apetites e eu tenho que me basear nos preços de custo das mercadorias necessárias a refeições minimamente saudáveis e baratas.
Uma seca portanto...
Podia ser uma gaja infeliz e tudo.
Mas tenho a minha filha e ela não me deixa ser infeliz.
Também tenho os meus amigos e só lamento não ter mais tempo e muitas vezes até paciência, que é coisa que eu só tenho para mim própria... e... e...
E tenho-me a mim.
Pois é aqui que sou feliz, mesmo.
São os momentos comigo própria que me equilibram e que me fazem sentir em paz.
Mas estou toda fodida das ideias.
Bem que me refugio na alma, mas tem sempre alguma coisa que me surge na mente e me lixa o esquema todo montado para andar calma e serena.
E se me sinto imbecil é apenas porque tenho a mania que sou boa e dou demasiada atenção aos problemas mentais de algumas pessoas que me rodeiam.
Continuo boa, mas imbecil porque até me sinto quase a santinha de quem se lembram, quando o milagre lhes passa pela cabeça.
Às vezes gostava de ter o dom de arranjar cabeças, mas ao invés disso só consigo mostrar onde estão os chips avariados, o que não me resolve os problemas nem a mim, nem a ninguém.
Às vezes dou comigo a analisar os defeitos de fabrico que vieram instalados nas pessoas que me rodeiam e chego à conclusão que, mal por mal, é melhor andar fodida das ideias do que com as ideias todas fodidas.
Agora vou ali dormir umas horinhas e rezar para que esta puta desta fase encontre o Richard Gere e comece mas é um conto de fadas, que estou um bocado cansada de contos de fodas e histórias de desencantar qualquer um...
Bom dia, boa tarde, boa noite ou isso... :)
quinta-feira, abril 01, 2004
É com cada fase...
Subscrever:
Comment Feed (RSS)
|