segunda-feira, abril 12, 2004

Esta semana vai ser diferente...

Ela ainda nem foi e eu já sinto saudades.
Amanhã a minha filha vai passar uns dias (até domingo) a casa de uma amiga.
Vai-lhe fazer bem.
A mim também.
Mas estou tão habituada, tão habituada a tê-la sempre por perto que, só de pensar que ela não vai andar aqui por casa a "melgar-me", já sinto saudades...
Ai...

De qualquer maneira espero aproveitar este "sossego" para me acalmar.
Ando preocupada, nervosa e de certa maneira permanentemente tensa e a precisar mesmo de tempo para mim.
Descansar dos almoços e dos jantares.
Descansar dos horários.
Descansar das rotinas.
Dormir.
E trabalhar, trabalhar muito...

Não sei o que vai acontecer, mas algo vai mudar...
Estou à procura de emprego e de casa, de preferência numa terra pacata, com uma Escola decente.
Estamos as duas nessa.
Sair da confusão plastificada de normalidade e procurar uma normalidade menos plastificada de confusão.
Nem todos neste País vivem a correr de um lado para o outro...

Vão ser dias difíceis, porque este tipo de isolamento implica "interiorização".
Interiorização implica um confronto comigo mesma e apesar de muitas pessoas acharem que eu sou forte, sinto-me "frágil" e fraquejo na "força de vontade" que não me apetece ter para aquilo que chamam "cumprir obrigações".
Às vezes sinto-me "pequenininha" quando penso que os meus problemas se resumem a dinheiro.
Temos as duas saúde (os esgotamentos curam-se, né?), temos amigos que amamos e que nos amam, temos uma cumplicidade entre mãe e filha que faz de nós uma família a sério (mesmo que sejamos só nós as duas), temos tanta coisa boa que, nos meus piores momentos (quando me vejo sem dinheiro) sinto-me quase mesquinha por pensar que, estou a sofrer por causa de um "cancro social e económico".
Ainda se fosse uma dor de barriga... agora por causa de dinheiro?
Às vezes costumo dizer que quando eu partir desta para melhor, Deus estará ajoelhado para me receber e espero ouvir um pedido de desculpas por me ter feito passar por tanta dificuldade económica.
Acho eu que a minha missão não é esta...
Mas, quem sabe, não é assim que irei evoluir?
Dúvidas...

De qualquer maneira, ela ainda não foi, mas eu já sinto a falta dela...
Muita lagriminha vou eu deixar correr esta semana...
E, não sei se é dos "7 esgotamentos", mas até já gosto de chorar.
Tem dias que chorar é mesmo a única coisa que me alivia...
Um sorriso é fácil de conseguir, basta estar a chorar e pegar num espelho.
Verdade.
Quando me olho na alma, por mais triste que me sinta, sorrio...
Sorrio, porque compreendo e gosto daquela gaja que está ali a olhar para mim de olhos inchados.
E ela sorri para mim...

Poucos me vão perceber, porque muitos controlam as emoções e acham isso certo.
Eu já fui assim...
Até aos 30 anos, poucas vezes chorei e quando chorava, controlava tudo muito bem de maneira a não "mostrar" a minha sensibilidade.
Errado!
Ser mãe abriu-me o caminho das lágrimas, perdi o "medo" delas...
Guardo esse momento com carinho na minha memória. O momento em que 5 dias após ela ter nascido, cheguei a casa e com ela nos meus braços fiquei com "medo" de morrer, não por morrer, mas porque isso implicava "abandoná-la"...
Demasiado profundo...
Inesquecível...

Não vale a pena fugir do que sentimos.
Não vale a pena fingir que nos controlamos.
Não vale a pena adquirir uma postura de forte, quando no fundo, no fundo, somos quase todos pessoas sensíveis e com "medos"...

Uma boa semana é o que eu vos desejo, na mesma medida que desejo para a minha filha e para mim... e isso assim também... :)