sexta-feira, abril 30, 2004

O Amor e isso... :)

É... vou escrever sobre amor!
O 25 de Abril foi importante para mim.
Tinha 11 anos quando "aquilo" aconteceu e a minha adolescência foi uma autêntica "batalha" contra os tabus.
Lutei pela igualdade de direitos, comprei guerras com os meus pais, conquistei a minha liberdade à custa das minhas atitudes.

Uma das minhas práticas, era fazer exactamente o que me apetecia fazer, independentemente do que os outros pudessem dizer ou pensar.
Quando descobri que os adultos mentiam, perdi o medo, primeiro do bicho-papão e depois do tal Deus que tudo via e que castigava quem se portava mal.
E... questionei tudo.
Com esta atitude, comecei a acreditar em mim, em vez de acreditar apenas no que me diziam e no que afirmavam estar "certo".

Comecei por descobrir que queria ser feliz e isso levava-me a experimentar muitas coisas que as outras xavalas da minha idade nem ousavam pensar, quanto mais fazer.
Tinham medo.
Foram educadas com base em mentiras ou meias-verdades e acreditavam nelas.
Aos 13 anos chumbei por faltas.
Em vez de ir para as aulas ia para a praia e para a Estufa Fria.
Andava em grupo e fumávamos erva.
Santana, Pink Floyd, Deep Purple...
Samba Pati, The Wall, Made in Japan...
Os favoritos ouvidos vezes sem conta, conforme as mocas e os estados de espírito.

Levava uma vida dupla, portanto.
Nunca os meus pais sonharam como era a minha vida e também nunca se deram ao trabalho de tentarem saber, quanto mais perceber...
Desisti de lhes dar "satisfações" e apenas "cumpria" o que eles me exigiam, já que o discurso era sempre o mesmo...
"Tens que estudar, tirar um curso, arranjar um emprego. Depois casas-te, arranjas uma empregada e tornas-te numa Senhora. Tens um ou dois filhos, chega e blá, blá, blá..."
Os meus pais eram humildes e queriam o melhor para mim.
Queriam para mim o que eles desejavam ter tido e não tiveram.
Mas importavam-se em saber o que eu queria?
Népia!

Viver na mentira era necessário.
Todos viviam com base em mentiras, muitas vezes só para evitarem confrontarem-se com a verdade.
Assim aceitei viver num Mundo hipócrita, mas sempre com base na minha verdade.
Mas assumia o que fazia, quando confrontada com a verdade.
Era esta a maneira de fazer o que me apetecia, sem sentir medo de ser apanhada.
Pensava assim... se for apanhada, que é que me vai acontecer?
Podem ralhar, podem bater, podem castigar... e daí?
Daí que valia a pena correr todos esses riscos em nome da minha liberdade e da minha felicidade.

E o Amor nasce aqui.
O Amor pela vida, o amor-próprio desenvolveu-se e sonhava em ser adulta.
Queria ser uma adulta verdadeira.
Queria acabar com as mentiras, com os tabus, com a hipocrisia, com o "andar e fazer às escondidas", queria viver com base na verdade, apenas...
Era fácil distinguir a verdade da mentira.
A verdade era o que eu sentia e a mentira era tudo o resto que me tentavam "enfiar" na cabeça.

A única pessoa que tem o direito de "enfiar coisas" na minha cabecinha, sou eu e só eu!
Agora... porque é que eu sou uma "Revoltada" (ou "Envoltada", é como queiram)?
Porque eu construí a minha personalidade baseada na minha verdade, mas à minha volta a hiprocisia continua...
Passados 30 anos, sobre a tal "Revolução", a única coisa que a Sociedade conquistou, foi a "hiprocisia legal".
Antes, não se podia falar e eram hipócritas por medo.
Agora, não têem medo mas continuam a não falar verdade, levando a hiprocrisia aos limites da insanidade mental.

Por acaso estou-me mais é a cagar para todo o tipo de políticos.
Os de esquerda, os de direita, os do centro, os dos lados é tudo igual.
"Enfiaram-lhes" as putas das teorias próprias de cada Partido pela cabeça "dentro" e agora quem é que as tira de lá?
A malta acredita em tudo!
A malta duvida deles mais fácilmente, que duvida das teorias!
Eu às vezes fico tão parva, tão parva com o que vejo, oiço e leio que, pergunto-me constantemente, quem sou eu e o que faço no meio disto tudo?

Como ainda não descobri a resposta a esta pergunta, entretanto vou praticando o Amor...
Não julgo, não condeno e não alimento sentimentos negativos, mas também não me calo com a minha verdade...
O livre arbítrio existe...
As pessoas escolhem o caminho da verdade ou da mentira e eu aceito-as, respeito-as nas opções, o que não quer dizer que tenha que ser como elas...
As pessoas escolhem ser racionais, emocionais ou espirituais e eu aceito-as, respeito-as nas opções, o que não quer dizer que não lhes vá dizendo que podem ser tudo isso e mais uns "trocos"...

Agora não me venham é com "histórias de liberdade condicional", que eu essas... não papo!
Reparem nas "condições" dos 30 anos de um "25 de Abril" e digam-me lá onde está o amor-próprio, o amor pelas pessoas, o amor pela vida...
Se calhar até é tudo culpa do meu mau feitio e de não querer mesmo fingir o que não sinto e muito menos disfarçar o que sinto, mas e agora?
Que é que eu faço?
- Nada!
Apenas sirvo de exemplo, como todo e qualquer ser humano!
- E tudo!
Apenas porque duvido dos conceitos de vida e procuro entender porque é que existem tantas pessoas que aceitam viver a vida sem amor...

Existem coisas que me fazem mesmo pensar assim: "Ou eu sou muito estúpida, ou eu sou muito inteligente!".
É que parece mesmo que a maioria está mesmo "conformada" com o nascer, crescer e morrer e fazer como os animais... que se limitam a "imitar-se" uns aos outros, só para não se "sentirem" diferentes!
Sempre me senti "diferente" e nem por isso me sinto "excluída" do Mundo...
... afinal há sempre lugar para mais uma maluca!
É ou não é?

Hoje não há "pensamento do dia"... tá?
(Esta "explicação" é só para os que tiveram "coragem" de ler tudo, mesmo que não tenham "coragem" de comentar... e isso!)
:)