quarta-feira, setembro 03, 2003

Diagnóstico...

Senhor Doutor,
Por favor, "esqueça" a palavra que usei: "depressão". Não há diagnóstico.
Sou uma leiga que usa e abusa das palavras...
Passo a explicar...

Fui ao médico, conforme combinado e à hora combinada. Hoje, felizmente não demorei a ser atendida. Devido a "reparações no sistema eléctrico", o meu médico até me veio buscar à sala de espera. Percorrendo o corredor, fui-lhe dizendo que gostava deste "atendimento personalizado". Resultado: entrámos no consultório, própriamente dito, a rir.
Já sentados e olhos nos olhos, lá começamos a consulta. Causas e efeitos.
Começou por me perguntar como andavam "os meus problemas", se já tinha resolvido algumas das questões. Desabafei, desabafei e cheguei à conclusão (enquanto falo, oiço-me) que coloco as pessoas "à frente" dos meus problemas.
E, chegámos à fluoxetina... e aos efeitos secundários. São eles: diarreia, quebras de tensão e nos primeiros dias dores de cabeça.
Perguntou-me se tenho notado diferenças no meu "comportamento". Nada. Os nervos continuam e a tristeza também. Mandou-me parar com a fluoxetina durante uma semana, para ver se a diarreia passa. Segundo ele, somos facilmente sugestionáveis pelos folhetos informativos que acompanham os medicamentos. (Eu sou daquelas pessoas que os lê atentamente, não por ser curiosa mas, por ter acompanhado a doença da minha mãe e pela quantidade de comprimidos que ela tomava, existiam interacções medicamentosas ou isso... cheguei a fazer um mapa!)
Quando lhe perguntei se, depois da semana de interrupção retomava o medicamento, ele disse-me: "vai ser a senhora que decide". Fiquei um bocado parva... e lembrei-me de perguntar: "Sr. Dr. afinal de que sofro eu?" (o tal diagnóstico que não existia).
Ele, começou por me dizer que às vezes não há diagnósticos e "lançou-me" esta palavra: "sofrimento". A senhora antes de mais nada, sofre! É uma pessoa sensível e se quer que lhe diga que sofre de "depressão", eu posso-lhe dizer isso mas, não é o diagnóstico correcto, porque a senhora parece-me tudo menos "depressiva".
E, pronto! Sofro de sofrimento! A fluoxetina tomo-a se eu achar que me ajuda. Se a diarreia continuar ou se houver alguma outra alteração, volto lá... às urgências. Até ao final do mês ele está, depois vai de férias. Consulta marcada para 24 de Outubro, depois das férias dele, para "vermos" como me safei das tarefas difíceis que tenho que executar.

Hoje, chorei de alegria... sofro de sofrimento! Pronto! Acho normal e aceitável! Sofro porque sou sensível. Sofro porque tenho motivos para sofrer.
De resto... não tenho mais nada! Posso dar-me por feliz... é ou não é?