domingo, setembro 14, 2003

Fofoca

Era uma vez uma foca, que quando nasceu, cresceu! Até ser grande aprendeu a nadar e a alimentar-se. Ensinaram-lhe tudo o que conseguiram que ela aprendesse e até lhe disseram que o nome dela era Fofoca. Já grande e sempre nadando um dia lembrou-se de nadar mais longe. Despediu-se e partiu.
Passou por mares nunca dantes navegados. Andou por ondas nunca dantes surfadas até que avistou os pinguins. Estavam eles todos em pé e até bateram palmas à Fofoca. Eles nunca tinham visto uma foca.
Vai daí, conversa puxa conversa e a foca, chamada Fofoca, disse aos pinguins que estava com saudades das outras focas e explicou porquê...
Elas são como eu, vestem-se como eu, nadam como eu e fofocam como eu. Os pinguins já nervosos e sem uma bola, à mão, para a entreter aplaudiram todos em pé. Vistos de frente brancos e alinhados. Vistos de costas negros como se a despedida fosse dolorosa.
E lá partiu a nossa foca Fofoca em busca da procura da matança das saudades...
Viu peixes de todas as cores, viu algas verdes como a relva, viu pássaros (gaivotas, pelicanos e afins) a comerem indecentemente sem pagar, viu tubarões a morrer de inveja por verem tubarões maiores, viu tanta coisa que nunca mais acabava a história.
Chegou à terra das focas e que é que tinha acontecido? Já se contavam histórias da história que nem ela ainda tinha contado. Mas no meio da história a foca Fofoca estava cansada e ao 7º dia descansou...
Tinha conseguido! Ela estava viva e só ela sabia a história. A história de estar viva e poder fechar os olhos e sentir-se perto de todos os que tinham tido um papel importante na sua viagem pela vida...
Acordou sobressaltada porque o mar estava revolto e todas as outras focas tinham fugido. Olhou em volta e encontrou-se...
Encontrou-se sozinha, tal como tinha nascido e crescido. Tal como tinha viajado e regressado. Tal como tinha adormecido e acordado. E escreveu, com o seu corpo nas ondas do mar revolto...

Não possuas... entrega-te...

(escrito a 29/06/2003, ainda nem Blog tinha...)