sábado, agosto 30, 2003

Não vale inventar...

"Nada melhor que um sonho para criar o futuro" Victor Hugo
"A vida ocorre enquanto fazemos planos" John Lennon

Cada um tem as suas razões. Tenho andado a pensar e, ocorreu-me que temos três tipos de emoções, pelo menos.
Com 41 anos sinto-me ainda criança. Tenho tanto para aprender. Tanta coisa me "passou ao lado". E tanta coisa que me passou despercebida. Sabem aquelas pequeninas coisas que não encaixam no comportamento das pessoas? Pequenas coisas imperceptíveis que, muitos anos depois, com alguma atitude se entende?
Parece confuso, mas, eu explico.
Imaginem alguém que sente ciúmes da cara-metade e que "luta" contra esse sentimento. Que faz esta pessoa? Esconde o que sente disfarçando que não sente. Até aqui estará mais ou menos correcto. Imaginemos que a pessoa ciumenta sabe que não tem motivos para ter ciúmes, mas mesmo assim, sente-os. Mas esconde-os e não demonstra com ninguém. O que acontece? Acontece que é guardado um sentimento. Esse sentimento faz sofrer e transforma-se em ressentimento. E a pessoa envolvida nos ciúmes passa a ser "vítima". É julgada, condenada e nem sabe porquê. Infelizmente são muitos os casos assim.
Agora, imaginem outra pessoa que assume que tem ciúmes. Esta, se pensarem um bocadinho, não guarda ressentimentos. Bom, isto se não houver um motivo real, evidentemente!
A diferença está nas emoções...
Sentimentos como o amor, a alegria e a tristeza são emoções espirituais.
Sentimentos como a raiva, o ciúme e a hipocrisia são emoções mentais.
Sentimentos como a paixão, o desejo e a sensação são emoções carnais.
O êxtase acontece quando conseguimos manter o corpo e a mente em harmonia com o espírito.
Às vezes é díficil falar com os amigos. Às vezes não nos apetece falar do que sentimos. Às vezes também acontece que os nossos amigos não nos ouvem. Querem ajudar na melhor das intenções mas, procuram os problemas nas aparências. O que para mim pode não constituir um problema, pode-o ser para um amigo. Neste caso, estou lixada, eu...
Como é que se explica a um amigo que quer ajudar que não é preciso ajuda? Ainda mais, daquela ajuda baseada em "outros casos". A filha de "não-sei-quem", o primo da prima, a sobrinha da amiga do Porto Ferreira, também aconteceu "assim e assado".
Bolas! Que é que isso me interessa? Interessa-me uma coisa: eu sei quais são os meus problemas! A maior parte dos dias, sei...
E fica díficil falar com os amigos. Principalmente aqueles que não nos vêem todos os dias. Aqueles que, como a vida está díficil não se pode falar na porra dos telemóveis, todos os dias. Aqueles a quem escapa tanta emoção minuto a minuto.
Mas são amigos! Devíamos falar com eles. Eles conhecem-nos. Mas, somos todos tão diferentes...
Se escondemos emoções e lutamos contra elas, como é que os outros nos conhecem? O "lado bom"? Para se analisar "um facto" é necessária "a pesquisa", "a análise" e só depois se pode tentar chegar a um "veredicto". Digo eu...
O espírito "segue" as leis de Deus. O corpo e a mente "seguem" as leis dos homens.
É muito complicado! É complicado demais para mim.
Nada está absolutamente certo e tudo se apresenta aparentemente errado!
Sinto-me um boneco nas mãos do Universo. Alguém anda a reinar comigo e eu já não sei se quero sonhar, ou não.
Já realizei alguns sonhos e não é por isso que me sinto melhor! Sinto-me bem quando penso que tenho vivido de emoções e de sensações! Sinto-me bem quando penso que as tento transmitir às pessoas que gosto ou que não gosto.
Habituei-me a não disfarçar. Habituei-me a ser sincera. Habituei-me a que gostem de mim pelo que conhecem de mim. Não pela imagem do que eu possa ser. Ou pelo que olham ou ouvem de mim.
Mas, o ser humano é um animal. Mental!
Quantas vezes não nos apaixonamos por uma pessoa pelas aparências? Quantas vezes não tentamos mudar essa pessoa, depois de a conhecermos?
O meu ex-marido (o único oficialmente galardoado com o título) foi um exemplo disso.
Tinha eu 19 anos e chamavam-me doida! Qualquer trapo me ficava bem. Brincava com as pessoas. Ria facilmente. E, ele apaixonou-se. Fugiu de casa porque ainda não tinha 18 anos (faltava 1 mês) e os pais eram totalmente contra o nosso namoro (eu era mais velha e já vivia sozinha). Casámos 3 dias depois dele fazer os 18 anos. E as críticas começaram...
Não deves meter conversa com desconhecidos. Não te rias tão alto. Não faças disparates. Nem penses em subir para cima da mesa (é uma mania que eu tenho). Quem é aquele? Quando é que o conheceste? O que é que fizeram juntos?
Foi triste para mim perceber que o "chavalo" que se tinha apaixonado por mim como eu era, queria depois uma pessoa diferente. Ciúmes! Deles e delas! Eu era dele, só dele e de mais ninguém. E eu nem me sentia "Magnum"... apenas queria dizer "Olá"!
Um dia (3 anos e meio depois) acordei, olhei para o lado esquerdo e lá estava ele! E pensei: "Quem é este?".
Ele já não era a pessoa pela qual eu pensava que tinha sentido amor.
Eu também já não era a mesma. Eu queria voltar a brincar, a rir. Tinha saudades dos amigos cada vez mais distantes, porque já a vida era díficil!...
E decidi que não queria mais representar um papel! E foi quase o fim-do-mundo...
Sobrevivi e não me tenho dado mal! Nunca mais permiti que outro caramelo qualquer me tentasse domesticar! Ou gostam assim ou "chapéus há muitos"...
Era novo e eu já lhe perdoei! Teve medo! Medo de me perder. Medo que alguém gostasse de mim como ele tinha gostado. Medo de viver com o que sentíamos.
Raios parta os homens! São todos bem ensinados pelas mulheres, as mães!
E depois a doida sou eu!
Eu sou doida porque sou verdadeira e assumo o que faço. Digo-o!
Com tantos esquemas à minha volta, fica díficil eu perceber quem fala verdade e quem omite e/ou mente. Quem sente ou quem não sente. Estaram a fingir ou não?
Vivemos fingindo ou fingimos que vivemos?
Perdi alguns amigos pelo caminho e agora sei porquê! Eu era real, eles estavam a fingir! Não faz mal. Só consigo viver com pessoas que não tenham medo de olhar-me nos olhos. Que não tenham medo de me dizer o que sentem.
E qual doi mais? A dor física, a dor mental ou a dor espiritual?
E qual nos faz sentir mais feliz? O prazer físico, o prazer mental ou o prazer espiritual?
Quando já se fez amor com o corpo, a mente e a alma fica díficil sonhar com algo.
Vou sonhar com quê? Deus ouvir-me-á se eu lhe disser: "Quero mais!..."?
Não quero mais, não senhor! Tudo isso me fez sofrer.
Porquê?
Porque isto aconteceu comigo, mas a mentalidade do meu povo não permitiu à alma... ser gémea! Ele, a quem também já perdoei, entregou-se por ser homem. Eu, descobri que sou muito mais que uma Mulher. O corpo é de mulher, mas a mente descobriu que o espírito não tem sexo!
E ele perdeu. Perdeu uma oportunidade de ser feliz fazendo alguém feliz.
E é assim meus amigos que se consegue ser feliz... quando nos entregamos ao que sentimos, vivemos com emoções e sensações reais. Não com sensações plastificadas por padrões de comportamento, ou com premeditações de acções que possam desencadear sensações e emoções.
Eu também perdi... ou não. Talvez ainda me seja permitido encontrar alguém verdadeiro, capaz de esquecer o que lhe ensinaram e que queira ser feliz por tempo indeterminado. Isto de viver não se sabe quando acaba...
Pode ser que tenha sorte! Eu até acho que me porto bem!...
Nós os que temos muito amor para dar... somos assim! Uns homens, outras mulheres! Mas, todos somos "espírito" e esse não tem sexo...
E como mulher eu Vos digo, procurem dentro de Vós a verdade... e gomitem-na (fica melhor que "vomitem-na")!
Sejam essencialmente verdadeiros, doa o que doer!
E, se preciso for, apanhem bebedeiras, desinibam-se e estiquem-se porque a vida são 2 dias e o carnaval é só para o ano!...
Mas, não vale fingir e muito menos fugir da realidade!
A realidade é simples... sente-se!
Beijos