sexta-feira, agosto 22, 2003

O cúmulo do desabafo...

Tenho que escrever! Tenho...
Estava eu a trabalhar e o telefone tocou... e dei comigo a dar mais uma "lição de comportamento humano" a um indíviduo que anda a tentar resolver os problemas de 5 palermas que resolveram "montar" uma empresa... e dei comigo já cheia de nervos a explicar-lhe que não me ligue à hora do jantar, que nem me ligue, que espere que o meu Advogado lhe ligue, que ele a falar parecia um dos 2 dos 5 palermas (3 não falam, só assinam e os outros 2 só sabem ganhar dinheiro e dizer palermices), que já perdi todo o tempo e mais algum com aquele assunto, que mesmo que me pagassem o tempo que estou a perder não tenho tempo para vender, etc, etc... ele só me pedia desculpa e merdas do género!... Ia ele fazer as actas e os relatórios de gestão etc, etc... e eu cheguei a perguntar-lhe o que é que eu tinha a ver com isso!
Desliguei com aquela sensação de ter despachado mais um palerma!
Mas, como já tinha perdido a concentração... fui à rua comer uma empada (morninha) e beber um café... ia a pedir a Deus que hoje me poupasse a mais palermas!
No café, quase tudo é bom... desde a empada ao empregado que lá costuma estar de manhã! E lá dei comigo na conversa e a saber da vidinha dele... desde uma parte da vida íntima, questões profissionais, mudanças de vida até ao patrão dele...
Quando a conversa chegou a este ao ponto tive a explicar o que é que estava errado nos recibos que passam aos clientes! Isto porque ambos concordamos que o Mundo está cheio de palermas e de doidos!
Palermices, portanto! Estas muito saudáveis...
O chavalo de palerma não tem nada e ao menos com ele converso... estamos sempre a brincar um com o outro e temos uma coisa em comum... a ele costumam chamar-lhe palhaço e a mim também! Só porque brincamos com as "coisinhas" da vida... Gosto dele e é um regalo para a vista!...
Voltei para casa sem o pastel de nata para a minha filha (já não havia) e decidi fazer os telefonemas que eu tinha que fazer e telefonei para a minha tia, irmã da minha mãe, com a qual converso e ela percebe-me perfeitamente ao contrário da minha mãe, que sempre me dizia que não percebia nada... tem andado doente e todos os dias penso nela, eu é que não lhe ligo muitas vezes mas, ela percebe perfeitamente o efeito que o telefone tem sobre mim... lá se vai aguentando conforme pode e deu-me um conselho que segundo o avô dela, meu bisavô, já dizia... "puta só, ladrão só" para além de que o mundo vai de mal a pior, já ele dizia também!...
Gosto da minha tia e ela de palerma não tem nada... não fosse pelo dinheiro, telefonava-lhe mais vezes!
De seguida telefonei para o Senhor que tratou da sepultura da minha mãe. Ficou sem bateria. Deixei-lhe recado. Ligou-me de volta. Só o vi uma vez, no cemitério quando estivemos a "negociar" a sepultura. No papel da Junta estava uma jarra e uma floreira e na sepultura 2 jarras. Sabem o que é que ele me disse? Contou-me a vidinha dele desde o princípio profissional dele e "às páginas tantas" lá veio a frase: "puta só, ladrão só" pedindo-me muita desculpa por dizer esta expressão mas, hoje com 81 anos está sujeito aos erros dos empregados. Ficou novamente sem bateria. Voltou a ligar e contou-me o que vai fazer na próxima semana, falou-me da doença da mulher, do pessoal de férias e ficámos de nos encontrar depois quando ele vier, para eu lhe pagar e ele devolver-me a fotografia da minha mãe... perguntou-me pelas minhas férias, eu expliquei-lhe que a história da "puta só, ladrão só" também tinha efeitos na minha vida!... Meia hora e o Senhor desabafou!
A minha filha hoje está farta de rir "à pála" disto! Diz ela: "ó mãe isto é de doidos"...
A minha filha fica a olhar para mim a falar ao telefone, às vezes faz-me festinhas e diz baixinho "ó mãe, calma..." mas, acho que fica um bocado fascinada com os meus argumentos... é que falo mesmo "sem papas na língua" e quando atendi o palerma de início ela foi da sala ao escritório e lá ficou sentada a olhar para mim e quando desliguei e lhe disse: "tás a ver como é que se despacha um palerma?"... ela desatou a rir...
Ao menos faço-a rir!
E por falar em palermas... Deus não atendeu ao meu pedido! Não devo ter pedido com fé... ou então os palermas "caíem-me na sopa"...
Podia ser 1 por dia... e já tinha tido a dose! Pode ser que só sejam 2, hoje...
Enfim, o palerma que me ligou, ligou para o telemóvel da minha filha e ela acha-o mesmo palerma. Ligou para o dela, porque eu lhe tinha ligado do dela e estava mais à mão... bom até aqui "tudo bem"... assim o meu não toca! Então e onde está a palermice?
Está no que o gajo pensa sozinho... lá porque fiz um totoloto com ele e com a 15 no fim de semana passado, telefonou-me a dizer que não nos tinha saído nada e que tinha metido o totoloto outra vez... ainda lhe perguntei se havia jackpot outra vez... não sabia... primeiro eu disse-lhe que ia pensar se queria ou não mas, já estava a pensar nisso e disse-lhe: "Se há coisas que não quero é sociedades de totoloto... estou farta de sociedades! Meteste? Foi por tua conta e risco, boa sorte!".
Era o que me faltava agora... oxalá lhe saia o totoloto e eu seja "castigada"! Mas, depois de ouvir duas vezes "puta só, ladrão só" não podia armar-me em palerma e arranjar mais uma despesa semanal! Meto sozinha quando tiver dinheiro... é ou não é? Para além disso ele até sabe da minha vida e até lhe devo dinheiro e tudo... se lhe sair o totoloto, eu vou ficar contente na mesma! Mas, ninguém combinou que agora havia uma "sociedade no totoloto" e não percebo como é que alguém se "atreve" a pensar e a decidir por mim!
É das coisas que mais me enervam ouvir dos outros: "...mas eu pensei que...".
É que eles devem pensar por eles, isso eu aceito e aplaudo... agora quem é que os manda pensarem por mim? É como diz a milha filha... isto é de doidos!
É como as putas e os ladrões... hoje em dia, "actuam" em grupo!
Já nem as tradições são as mesmas, mas eu estou bem é assim... só!